quinta-feira, 15 de março de 2012

Capitulo 32





(Vera)

Acordei meia estremunhada com um pesadelo que estava a ter. Estava bastante assustada mas não me lembrava qual era o tema do pesadelo. Tinha o coração a mil á hora. Fechei os olhos novamente para estabilizar o ritmo cardíaco e só depois é que voltei a abrir os olhos. Ia levantar as mãos para esfregar os olhos para despertar bem quando reparei que a minha mão esquerda estava presa ao Harry. Ele tinha adormecido com a cabeça em cima da minha mão.

Tentei tira-la sem o acordar mas ele devia ter medo que fugisse ou algo parecido pois não a conseguia tirar. Depois de algumas tentativas em vão decidi resignar-me e fiquei apenas a olhar para ele. Com o tempo, o Harry parecia-me cada vez mais perfeito. Ainda estava meia anestesiada com tudo o que se tinha passado, por vezes chegava a pensar que tudo não se passava de um sonho.

Tinha medo de acordar e perceber que tudo não se passara de um simples sonho, de uma fantasia criada na minha cabeça. Tinha medo de me desiludir e de desiludir as pessoas que amava. Tinha medo que a minha relação com o Harry tivesse um prazo de validade, que no final do verão tudo acabe simplesmente só porque tenho que voltar para Portugal. 

Com o passar do tempo fui realmente apercebendo-me da dimensão que a minha relação com o Harry iria ter a curto prazo. Por muito que me custe admitir, toda aquela pressão mediática que mais cedo ou mais tarde se vai gerar, vai-me custar a suportar. Embora esteja habituada a esse mundo, desta vez não teria os meus pais a protegerem-me. Precisava mesmo de falar com o Harry sobre esse assunto.

Os meus pensamentos foram interrompidos quando alguém bateu á porta. Respondi que podia entrar e logo apareceu o médico.

Médico – Bom dia! – disse ele alegremente

Vera – Bom dia! – respondi também bastante animada com a vontade de sair dali ainda esta manhã

Médico – Preparada para sair daqui?

Vera – Preparadíssima! Já estou farta de aqui estar…

Médico – Então acho melhor acordar o seu namorado porque vou chamar os seus pais para poderem entrar! E também acho melhor quando chegarem a casa fazer uma boa massagem ao seu namorado porque dormir nessa posição não deve ser confortável – olhei para o Harry e tive que concordar com o médico. Ele ia acordar com uma valente dor de costas

Vera – Pois. Eu já o vou acordar…Obrigada!

Médico – Até já!

Depois do médico sair do quarto fui acordar o Harry com jeitinho. Após algumas tentativas dóceis para o acordar ele não reagia. Estava a dormir que nem uma pedra. Já que a abordagem soft não estava a resultar decidi por outra mais radical e comecei a abaná-lo fortemente.

Harry – AI! Que se passa? Terramoto? – ele despertou com uma cara de pânico tão engraçada que não me contive e desatei a rir. Ele olhou finalmente para mim e não gostou nada – achas graça? Não sabias de outra maneira para me acordar? – resmungou

Vera – Não tenho a culpa de não teres acordado da maneira mais soft! Eu bem te dei beijos mas nem assim acordavas por isso passei para uma maneira mais drástica! A culpa é inteiramente tua… - tentei desculpar-me por ter sido tão violenta

Harry – Ainda tenho a cabeça a andar á roda… - a cara dele estava engraçadíssima      

Vera – Pois, então põe a cabeça no sitio porque os meus pais vêm aí. Já vou ter alta daqui a pouco… - informei-o enquanto ele dava ligeiras chapadas na cara para estar bem acordado

Harry – Queres que me vá embora antes que os teus pais cheguem ou não é necessário? – ainda fiquei a pensar mas depressa me apercebi que era uma estupidez se ele se fosse embora

Vera – Claro que não te vais embora, era só o que faltava! Espero é que eles tenham desistido daquela ideia peregrina de me levarem para Lisboa novamente… - tinha-me lembrado da conversa com a minha mãe

Harry – Eu também espero mas e se eles não aceitarem? – desviei o olhar dele, não podia sequer haver a hipótese de eles não aceitarem.

Vera – Não vamos pensar em coisas negativas sim? – disse depois de o encarar novamente – Vai tudo correr pelo melhor…

Harry – É o que mais quero!

Vera – Mudando de assunto, porque é que ainda não me deste o beijo dos bons dias, pode-se saber? É que eu estou em fase de recuperação e preciso de todos os miminhos possíveis!

Harry – Da forma como me acordaste achas que tens direito a beijos?! – fiz beicinho. Ele não podia estar a falar a sério!

Vera – E não tenho?

Harry – Não!

Vera – Amor não! Não me faças isso…eu gosto muito de ti!

Ele levantou-se do cadeirão sem prenunciar uma única palavra e voltou a pô-lo no lugar de onde nunca deveria ter saído. Acabei por me sentar na cama encostada à cabeceira da cama. Ele sentou-se no fundo da cama e ficou a olhar para mim. Após alguns segundos de “sofrimento” ele começou a aproximar-se de mim lentamente. Um sorriso rompeu na face séria dele o que me deixou com aquele friozinho na barriga. Aquele sorriso perfeito deixava-me completamente nas nuvens.

Finalmente tinha-se chegado para bem perto de mim. Conseguia ouvir a respiração dele e o batimento do coração também. Por incrível que pareça, estava ao mesmo ritmo que o meu, em plena sintonia. Aquele olhar dele fazia-me perder em pensamentos, em desejos, queria sentir o corpo dele bem juntinho ao meu. Mas esses não eram os planos dele. Ainda quis prolongar mais o meu sofrimento. Começou a percorrer com as pontas dos dedos o meu braço provocando-me pele de galinha. Ele estava a dar comigo em doida. Depois de chegar ao ombro desviou lentamente a bata que tinha no corpo para baixo e começou a percorre-lo com beijos demorados enquanto desviava o cabelo que caía sobre o ombro. Sempre que os lábios dele entravam em contacto com a minha pele provocavam-me espasmos. O meu corpo estremecia á medida que subia até ao pescoço. Conseguia senti-lo a sorrir sempre que o meu corpo vibrava de desejo. Ele estava a adorar deixar-me naquele estado de descontrolo emocional. Quando parou, levantou a cabeça e fitou-me com aquele sorriso perverso que tanto me deixava louca. Sentia o meu corpo desfalecer com a enorme vontade que tinha para beija-lo. Com a ajuda das duas mãos desviou o meu cabelo que estava na frente da cara e ficou a segura-lo com apenas uma mão. Com a outra acariciou a minha face enquanto se ia aproximando lentamente. Num momento repentino, acabou com a distância que nos separava. O beijo começou bastante calmo e delicado mas devido ao meu estado de desejo depressa acelerei. Ele atendeu ao meu pedido automaticamente. As nossas línguas entraram numa dança freneticamente harmoniosa. O desejo aumentava á medida que nos beijávamos. Uma das minhas mãos viajou instintivamente para o meio dos seus caracóis perfeitos envolvendo-os no meio dos meus dedos ao mesmo tempo que exercia uma ligeira pressão contra mim. Inconscientemente, agarrei a t-shirt dele na ponta e comecei a puxa-la para cima lentamente. Depressa a minha mão escapuliu-se para debaixo da t-shirt. No meio de tanto desejo e êxtase cravei as minhas unhas nas costas dele provocando-lhe um gemido.

Harry – Quem me dera estarmos agora na minha cama… - sussurrou-me ao ouvido com aquela voz de anjo – deixas-me completamente louco! – não disse nada. Voltei apenas a beija-lo e continuei a puxar a t-shirt dele para cima. Ele quebrou o beijo e sorriu – se continuares com isso, não me responsabilizo por aquilo que pode acontecer a seguir. Depois de começar não há volta a dar amor – estava fora de mim. Não me importava nada o que pudesse acontecer ali mesmo, na cama do hospital. Ele percebeu o que queria e voltou a unir os nossos lábios. Estávamos prestes a cometer uma loucura ali mesmo mas alguém bateu a porta. Separámo-nos num ápice. O Harry ajeitou rapidamente a t-shirt que estava mais para fora do corpo do que vestida, o que provocou o meu riso – tens a noção do que poderia ter aqui acontecido?

Vera – Tenho! Mas não te preocupes que terminamos em casa… - inclinei-me e dei-lhe um último beijo

Harry – Olha que vou cobrar…quando chegarmos não me escapas!

Vera – Eu também não quero fugir, amor! – voltaram a bater á porta. Ajeitei-me também e mandei entrar. De trás da porta apareceram os meus pais. A minha mãe quando viu o Harry sorriu ao contrário do meu pai.

Mãe – Bom dia filha, bom dia Harry! – exclamou – ainda estavas a dormir? Batemos duas vezes á porta mas tu não respondeste á primeira!

Vera – Não estava a dormir mas também não ouvi nada, só ouvi quando vos mandei entrar. Ouviste alguma coisa Harry?

Harry – Eu também não ouvi nada!

Mãe – Deixem lá, não faz mal – a minha mãe chegou-se ao pé de mim e deu-me um grande beijo na cara e depois abraçou-me durante algum tempo com bastante força.

Vera – Mãe, vais-me sufocar! – informei-a. Ela largou-me mas continuou a dar-me muitos beijos.

Pai – Não achas que estás a exagerar Amélia? Ela já está bem, vai ter alta daqui a nada…  

Mãe – Eu sei, mas eu hei-de preocupar-me sempre com a minha filha.    

Vera – Oh, tenho uma mãe muito protetora!

Passado alguns minutos de conversa é que reparei que o Miguel não estava presente. Achei desde logo estranho pois não era coisa do meu pai. Por isso decidi perguntar por ele.

Vera – Pai, o Miguel? – o meu pai olhou para o Harry. Vi logo que andava ali coisa. E não era bom de certeza – O que é que se passa?

Pai – Precisamos de falar sobre o Miguel… - começou o meu pai – ou melhor, porque não perguntas ao teu querido namorado o porquê do Miguel não estar aqui!

Vera – Harry?! – não estava a perceber nada daquela conversa – Harry!

Harry – Eu não faço a menor ideia porque é que ele não está aqui. Simplesmente falei com ele ontem e não sei de mais nada…

Vera – Vocês falaram?

Harry – Sim. Ele queria conversar comigo. Foi pouco depois de teres adormecido ontem…

Vera – E o que ele queria falar contigo? – antes que o Harry pudesse dizer alguma coisa o meu pai interrompeu-o abruptamente

Pai – O Miguel desistiu do casamento de repente e eu gostaria de saber o porquê! – fiquei estática com aquela noticia. Não conseguia acreditar que o Miguel quisesse acabar com o casamento

Harry – E porque não lhe pergunta diretamente o porquê do fim do noivado?

Pai – Se calhar já lhe perguntei mas ele não me respondeu. Disse apenas que tinha as suas razões mas que continuava a gostar muito da Vera. Eu tenho quase a certeza que tu és o culpado disto tudo…

Harry – Eu? Eu não fiz nada, não obriguei ninguém nem apontei arma nenhuma para ele desistir. Alem disso foi ele que veio ter comigo, se fosse por minha iniciativa, nunca falaríamos. Por isso não venha dizer que a culpa é minha…

Pai – Então quem é que é o culpado? Eles iam-se casar no início de Setembro, já estava praticamente tudo preparado e de repente, praticamente a um mês do casamento, diz que tem razões pessoais que o impedem de casar...por favor, não brinquem comigo! De certeza que teve culpa nesta decisão dele!

Harry – Digo e volto a repetir, nunca lhe pedi para ele fazer seja o que for. Por isso, se não se importa, gostaria que não voltasse a insinuar que tive culpa – depois do choque inicial não consegui intervir para acabar com aquela discussão mas assim que recuperei, falei de imediato

Vera – Pai já chega! – o meu pai que ia responder novamente ao Harry, quando em ouviu não disse nada – importa-se de me explicar o que realmente se está a passar?

Pai – O Miguel veio falar comigo e com a tua mãe sobre ti ontem á noite. Ao principio começou por dizer que estava muito grato por estar quase a pertencer á nossa família, que gostava muito de ti entre outras coisas. Depois disse que por gostar de ti é que queria acabar com o noivado. Perguntei-lhe o porquê de ter tomado essa decisão só agora, ele disse que era por razões pessoais.

Mãe – Ele também disse que se ia embora de Londres ainda naquela noite pois tinha acontecido uns problemas na empresa e ele tinha que voltar urgentemente para poder resolver o sucedido. Ele não queria ter ido, queria ter ficado aqui e contar-te tudo pessoalmente mas o problema é mesmo grave e não podia mandar outro para o substituir.

Vera – Então quer dizer que estou livre? Solteira? Que não me tenho de casar com ele? – não podia acreditar. Era bom demais. Só me apetecia saltar da cama e começar os pulos

Pai – Como é que és capaz de dizer isso com esse sorriso? Ele era o marido ideal, irias ter uma vida economicamente estável e sem problemas! Claro, já estou a perceber. Nunca reclamaste sobre o casamento mas desde que esse apareceu, mudaste drasticamente de ideias!

Vera – Pai! “Esse” tem nome, chama-se Harry se não te importas! Em segundo, tens razão. Nunca reclamei e esse foi o meu maior erro. Aceitar as tuas ideias foi o pior que podia ter feito.   

Mãe – Filha…

Vera – Não venhas com isso mãe. Pai, queres saber o porquê de ter aceite? Queres mesmo saber a verdade?

Pai – Diz!

Vera – Foi porque não te queria desiludir – pela primeira vez estava a contar o que realmente sentia. Eram demasiados anos de sorrisos falsos e de lágrimas escondidas. Estava farta. Quando proferi aquela frase, não consegui esconder as lágrimas –  Queria aproveitar o máximo de tempo que tínhamos juntos sem discutir, apenas a conversar sobre coisas alegres. Raramente estavas comigo e eu não conseguia dizer-te que não nos únicos momentos em que tinha um pai, já que eram tão escassos! Queria tanto que ficasses feliz, achava que se fizesse todas as tuas vontades, tu abdicavas de algum tempo que passas na empresa para estar comigo. Estúpida! Fui estúpida por achar que podia recuperar o tempo que perdeste longe de mim! Tinha sempre boas notas, raramente saía, nunca me meti em problemas mas nem aí te importavas comigo. Por isso, desculpa se te desiludi. Desculpa se não sou o filho que tanto desejavas! – já não conseguia dizer mais nada. As lágrimas consumiam agora toda a minha energia. Finalmente tinha dito tudo o que queria.

Mãe – Vera! Como é que nunca me disseste? Porque é que guardaste tudo só para ti?

Vera – Oh mãe. Tu também andavas ocupada…não tanto como o pai é certo mas também tinhas pouco tempo. E se te contasse, de certeza que irias dizer que estava a exagerar. Eu conheço-te mãe! Não valia a pena maçar-vos com os meus problemas.

Pai – Nós somos teus pais Vera!

Vera – Pais? Nem sabe o que isso é! Durante dezoito anos não tive pai, tive uma espécie de homem que de vez enquanto aparecia em casa e me dava ordens. Devia ser na altura em que se lembrava que tinha uma família…

Pai – Não sabia que te sentias assim…

Vera – Claro que não. Não passou tempo suficiente comigo para perceber realmente o que sinto. O Harry nestes dias já fez mais por mim do que o senhor em toda a sua vida! Por isso quero deixar aqui bem claro a ambos que não vou para Lisboa agora. Vou continuar em Londres pelo menos até ao fim do verão.

Mãe – Vera não queres reconsiderar?

Vera – Não mãe, não quero! Já agora, também vos vou informar que vou desistir do curso de gestão. Só o tinha posto nas minhas opções por causa do pai e como está na altura de haver mudanças e de ser eu a escolher o que realmente quero seguir, vou mudar para jornalismo.

Pai – Não podes estar a falar a sério pois não? E depois quem é que vai tomar conta das empresas?

Vera – É mesmo só isso que lhe interessa? As empresas? E eu? A minha felicidade não interessa? – aquela atitude do meu pai magoava-me ainda mais. Tinha percebido tarde demais que o tempo não se recupera e que não vale a pena viver sobre o passado – A minha decisão está tomada! Já está na hora de eu assumir o que realmente quero.

Mãe – Mas assim tão de repente? Tu sempre mostraste que gostavas de assumir, assim que o teu pai se reformasse, a direção da empresa.

Vera – Diz bem, mostrava. Não era o que realmente queria. Pode perguntar á Matilde se quiser, ou á Filipa, Joana, ou á Carla, tanto faz, elas são as únicas que sabiam o que realmente sentia. Estou farta de viver uma vida de fachada! – pela primeira vez olhei para o Harry. Á medida que a conversa foi evoluindo ele ia apertando com mais força a minha mão. Consegui ler-lhe nos lábios a frase “estou aqui contigo!”. Respondi-lhe na mesma maneira um “obrigada”. Virei-me novamente para o meu pai. – então, já não diz nada? Pelo menos assuma que errou, que passou demasiado tempo que se compra felicidade com dinheiro, ou que o mais importante é ter uma boa conta bancária do que ser feliz!

Pai – Tudo o que fiz foi a pensar em ti e na tua mãe. Pelos vistos fui mal interpretado, não sabia que me odiavas assim tanto!

Vera – Não percebes pai. Eu não te odeio, por muito que quisesse não consigo. Apesar de tudo o que se passou, simplesmente não consigo. És meu pai, sem ti não estaria aqui. A coisa que mais me magoa é o facto de achar que estava a fazer o melhor… - as lágrimas que tinham parado, agora tinham recomeçado - …espero bem que compreenda que fez tudo ao contrário.

Mãe – A culpa também é minha…como é que me posso considerar uma boa mãe se nem reparou no que se passava com a sua filha!

Vera – Não digas isso mãe. Tu és a melhor mãe que alguma vez pude ter. Sempre que precisei de ti tu estavas lá. Não tens que te reprimir por nada! Fizeste o teu trabalho na perfeição! Eu adoro-te mãe, és a mulher da minha vida! – as lágrimas corriam abundantemente sobre a minha face

Mãe – Filha! – a minha mãe tinha-me abraçado. Precisava tanto de sentir aquele abraço forte – Vera, tu és a pessoa mais importante na minha vida! Daria a minha vida por ti filha. Nunca te esqueças disso…

Vera – Nunca, mãe. Nunca! – depois do abraço o meu pai surpreendeu-me

Pai – Podem deixar-nos a sós só por uns minutinhos. É rápido!

Mãe – António o que pensas que vais fazer?

Pai – Amélia, não te preocupes. Preciso só de uns minutos com a minha filha! – o Harry olhou para mim á espera de uma resposta e abanei apenas com a cabeça em como poderia sair. O Harry levantou-se da cama e saiu do quarto juntamente com a minha mãe. O meu pai que estava no fundo do quarto, ao lado da cama, dirigiu-se até mim e sentou-se ao meu lado. Não sabia o que dizer, sentia tantas coisas, mágoa, tristeza entre outras coisas. Desviei o olhar dele por momentos para a janela e quando voltei a encarar o meu pai vi uma lágrima a escorrer-lhe pelo rosto. Senti o meu coração a estilhaçar-se. Doeu tanto e tão profundo que só me apetecia vomitar. Parecia que tinham espetado facas no meu coração devido á forte dor que estava a sentir. Ele voltou-se para mim e deu-me um beijo na testa e depois falou – desculpa… - levantou-se da cama e saiu do quarto. Queria tanto que aquela dor parasse. Só me apetecia arrancar o coração do peito e acabar com aquilo. Passado poucos segundos voltaram a entrar a minha mãe e o Harry mas o meu pai não. Limpei as lágrimas rapidamente.

Mãe – O que ele disse filha? Nunca o tinha visto assim…

Vera – Preferia que ficasse só entre mim e o pai, mãe. Se não te importares claro!

Mãe – Se é assim que queres….

Vera – Obrigada mãe.

Harry – O médico passou por aqui agora e disse que já podes sair. Já podes ir para casa…

Vera – Ok. Vou-me vestir… - a minha mãe antes de me deixar vestir deu-me um beijo e saiu do quarto. O Harry ia sair também mas agarrei-lhe o braço e não o deixei ir – abraça-me Harry! – pedi a chorar. Aquilo estava a ser demais para mim. Ele abraçou-me de imediato puxando-me bem para junto de si. Sentia-me protegida e momentaneamente acalmei-me.

Harry – Eu estou aqui amor… - sussurrou-me ao ouvido – não te vou deixar sofrer, prometo! Estarei sempre aqui… - não queria que ele me largasse nunca mais. Queria ficar assim para sempre.

Depois de descarregar todas as minhas emoções, fui-me vestir e saí do quarto. O meu pai continuava com a mesma cara de que tinha saído. Conseguia ver o sofrimento na cara dele e isso custava. E muito. Fomos ter com o resto do pessoal e assim que em viram vieram logo ter comigo. No meio de tantos abraços nem tive cabeça para pensar em nada.

Saímos do hospital e despedi-me dos meus pais. Eles iam voltar para Lisboa e eu ia ficar. A minha mãe voltou a dar aquelas recomendações do costume e ainda deu um beijo ao Harry. Ela também se despediu dos restantes ao contrário do meu pai, que não disse nada. Por mais incrível que pareça, não estava triste, sabia o quanto estava a custar-lhe assimilar tudo o que lhe disse.

Após as despedidas voltamos para casa da Matilde. Eles falavam todos alegremente menos eu e o Harry. Ele não me tinha largado desde que saímos do quarto para não me sentir sozinha. Não lhe conseguia demonstrar o quanto ele me estava a fazer bem. Quando chegamos a casa, a Carla e o Louis estavam bastante animados e pelos vistos tinham novidades. Embora eles estivessem contentes, as novidades não eram as melhores.
  



Espero que estejam a gostar. 
Os comentários são sempre importantes e um grande incentivo por isso obrigada!
Espero sinceramente não vos estar a desiludir...
Vou tentar publicar amanhã o próximo...


Liis

3 comentários:

Anónimo disse...

ADOREI! (como sempre, adoro mesmo a fic :D )

Anónimo disse...

está lindo lindo lindo, como sempre <3

Rapariga dos caracois disse...

Olá querida, agradeço a visita e sigo! :)

Ajudaste MUITO, MUITO, MUITO.
A minha auto-estima aumentou 10% :D
Obrigada, obrigada mesmo.

Beijinho e aviso que ainda vais a tempo de leres a minha fic. :)