(Filipa)
Acordei
com uma sensação esquisita, com um aperto enorme no coração. Estava angustiada,
parecia que alguma coisa não ia correr bem. O meu coração batia
descompassadamente, nunca tinha batido daquela maneira, parecia que ia sufocar
a qualquer momento. Tentei controlar a minha respiração que também estava
bastante descontrolada e acalmar os batimentos cardíacos.
Assim
que me acalmei, virei-me para o outro lado da cama e espreitei para baixo para
ver se encontrava o Zayn mas não estava lá ninguém. A cama aonde ele tinha dormido
já estava encaixada na minha. Achei aquilo muito estranho, fiquei a pensar se
ele me tinha dito alguma coisa na noite anterior mas nada aparecia na minha
memória. Novamente apareceram os batimentos mais acelerados do coração. Alguma
coisa não estava bem.
Levantei-me
lentamente da cama pois ainda estava um pouco fraca. Parecia que o chão ia
fugir dos meus pés. Esperei alguns segundos sentada em cima da cama e só depois
é que me levantei. Abri a porta do meu quarto e não havia sinais de vida. Desci
até ao piso de baixo para ver o que se passava, tanto silencio matinal era de
estranhar. Percorri a sala e de seguida dirigi-me á cozinha mas não havia
sinais de ninguém. Fui até ao jardim, um silencio monumental estava instalado
naquela casa. Não havia o habitual cantar dos pássaros naquele jardim, nem o
barulho tão característico da brisa matinal de Londres. Havia apenas um grande
vazio. A minha própria respiração fazia eco tamanho era a ausência de ruído.
Voltei
a fazer o caminho inverso e subi de novo ao piso de cima, tinha de encontrar alguém
naquela casa. Bati em primeiro lugar à porta do quarto da Matilde mas ninguém respondeu.
Bati novamente e voltei a receber nenhuma resposta. Cansei de bater, e decidi abrir
a porta. O máximo que podia encontrar era alguma cena mais indecente por parte
do Liam e da Matilde. Mas como já estava a ficar meia atordoada com aquilo tudo
nem me importei. Abri a porta bastante devagar para não fazer barulho, caso
eles estivessem barulho. A porta abriu-se e apenas encontrei o vazio instalado
no quarto.
Já
estava a ser demais. Mas onde é que estava toda a gente! Fechei a porta atrás
de mim e percorri os restantes quartos. A resposta era a mesma. Estava tudo
vazio. Um medo irracional instalou-se no meu corpo. Comecei a transpirar como
nunca, a minha visão estava cada vez mais enevoada. A sensação de que algo não
estava bem aumentava a cada segundo. O sorriso do Zayn apareceu na minha mente,
tão perfeito como sempre. Seguido de uma angústia aterradora. Não lhe podia ter
acontecido nada. Não antes de lhe dizer tudo o que queria, não antes de o
beijar.
Lembrei-me
vagarosamente do dia da morte da minha avó. Não me lembrava ao certo do que
tinha acontecido mas lembrava-me na perfeição do que tinha sentido. Daquele
desespero por notícias, daquela ansia que matava por dentro. Uma lágrima correu
pelo meu rosto lentamente. Não queria acreditar que estava a ter a mesma
sensação que no dia da morte da minha avó.
Desci
aquelas escadas novamente mas desta vez mais num passo mais apressado. Quase
que me ia espetando contra um dos sofás tamanha era a rapidez. Peguei no meu
telemóvel e telefonei ao Zayn. Esperei e esperei mas ele não atendia. Voltei a
ligar mas não havia maneira de ele atender. Telefonei à Carla, que era a
primeira das raparigas que me apareceu nos contactos. Como das outras vezes,
ela também não atendeu.
Aquela
situação já estava a ficar desesperante. Olhei para o relógio e este marcava
meio-dia e quarenta minutos. Já era tão tarde e nem me tinha apercebido. Foi
então que avistei um papel branco em cima do aparador que estava posicionado
debaixo do relógio. Corri até ele e li-o
Amor, fomos todos para casa dos
rapazes. Não quisemos acordar-te porque estavas lindamente a dormir…esperamos-te
para almoçar!
Beijinhos
Jo, Carla, Matie, Vera
Um
enorme peso saiu de cima de mim, parecia uma pena ao sabor do vento. Afinal
estava a fazer uns filmes de todo o tamanho por nada. Fui até á cozinha comer
qualquer coisa e depois voltei para o quarto para me vestir. O tempo demorado
entre a cozinha e o quarto foi bastante. Quando voltei para a sala, já vestida,
o relógio já marcava as treze horas e trinta minutos.
Pus-me
a caminho rapidamente da casa dos rapazes. Já estava a ver a cara do Niall a
reclamar que queria comer. Não consegui controlar o riso dessa mesma imagem.
Apressei o passo para chegar o mais depressa possível. Assim que cheguei,
toquei à campainha. Passados alguns segundos aparece-me á frente o Niall.
Niall
– Estava a ver que não rapariga! Estava a ver que tinha que te ir buscar para
poder comer… - reclamava
Filipa
– Em vez de estar a reclamar comigo, podias deixar-me entrar… - ele estava a
tapar o caminho da porta e assim não podia entrar
Niall
– Nem reparei…é da fome! Entra! – assim que entrei reparei que estavam todos
sentados á minha espera. O meu olhar percorreu-os a todos e quando cheguei ao
fim, congelei por completo. O Zayn não se encontrava naquela sala. O medo
irracional voltou a atacar o meu coração.
Filipa
– O Zayn? – perguntei amedrontada com a resposta que pudesse surgir.
Liam
– Ele disse que não podia vir almoçar…tinhas uns assuntos a tratar! –
respondeu-me calmamente. Aquela angustia não passava, o chão parecia que me ia
fugir a qualquer momento.
Filipa
– Eu preciso de falar com ele… - as lágrimas começaram a cair metodicamente
pela minha face – preciso de o ver… - revelei entre soluços provocados pelas
lágrimas. Deixei-me cair no chão, as forças era praticamente nulas. Picadas
fortes abalavam o meu coração e um sofrimento atroz tinha-se formado. Os
azulejos frios da sala queimavam a minha pele mesmo com a roupa vestida. O meu
corpo ia gelando devido á diferença entre a temperatura ambiente e o chão. As
raparigas vieram ao meu encalço quando me viram cair no chão. Demasiadas
perguntas fizeram-se ouvir naquela sala, mas eu não conseguia ouvir nenhuma. Só
de pensar que alguma coisa pudesse acontecer ao Zayn matava-me por completo.
Havia
ainda tanta coisa por dizer e por fazer. Não podia acabar desta maneira, não
assim! Não sem lhe dizer o quanto ele era importante para mim. Fechei os olhos
e desejei com todas as minhas forças estar a viver um pesadelo. Pedi a Deus que
me fizesse acordar e que tudo não passasse de sonho mau. A Carla estava a minha
frente, apesar de estar com a vista turva por causa da grossa camada de água
que se tinha formado na vista, conseguia distingui-la.
Filipa
– Estou a sentir o mesmo quando a minha avó morreu…
Senti
o meu corpo a ser coberto de abraços e ouvi palavras reconfortantes ao meu
ouvido. Mas nenhuma daquelas acções faziam algum sentido se não tivesse alguma notícia
do Zayn. Havia uma grande correria á minha volta, não sabia o que estavam a
fazer. Tentei levantar-me mas não consegui, elas não me estavam a deixar.
Louis
– Ele não atende nenhum de nós… - ouvi-o dizer. Tudo estava a acontecer, tudo o
que não queria, o meu pior pesadelo tinha-se tornado realidade.
Liam
– Não vamos entrar em já em stress…ainda não sabemos o que aconteceu! Pode
estar tudo bem… Não vale a pensa sofrer por antecipação!
Filipa
– Deixem-me levantar… - pedi – tenho que ir á procura dele…
Matie
– Mas tu estás louca? Nem penses…vamos é ficar aqui á espera que ele chegue
isso sim!
Filipa
– Não!
Vera
– Tu neste momento não mandas nada. Tens que te acalmar primeiro…
Elas
não compreendiam. Não podia passar por um novo processo de perda novamente. Não
iria aguentar todo esse sofrimento uma segunda vez num espaço de apenas um ano.
Não iria suportar.
Filipa
– Quero-me levantar agora! – disse desta vez mais alto e com mais convicção.
Vi-as afastarem-se de mim um pouco. Levantei-me devagar, sentia o corpo a
cambalear mas consegui pôr-me de pé. Dirigi-me até á porta mas fui travada pela
Joana – Eu tenho que o ir procurar…não aguento ficar aqui sem saber o que
aconteceu. Não me podem pedir para ficar pois não consigo!
Ela
não me travou, nem mais ninguém naquela sala. Abri a porta de saída e dirigi-me
para o vazio. Não sabia por onde começar. Depois de alguns minutos indecisa,
decidi começar por cima. Ia num passo apressado, observando todos os pormenores,
todas as pessoas. Ao mesmo tempo que telefonava insistentemente para ele. Não
havia maneira de ouvir a voz dele do outro lado do telemóvel. Não havia maneira
de sair daquele pesadelo.
As
ruas, com passar do tempo, pareciam-me todas iguais. Não fazia ideia de onde me
encontrava. Olhava desesperadamente para todos os lados e até me passou pela
cabeça começar a gritar no meio da rua se alguém tinha visto o Zayn. Acabei por
não ir por essa via, pois estaria a criar um grande problema se toda a gente
soubesse que não se sabia dele.
O
barulho do meu estomago fez-se ouvir bastante bem. Só tinha comido uma peça de
fruta antes de sair de casa e como já era hora de almoço, o meu corpo começava
a manifestar-se. Não liguei e continuei a minha busca. O meu coração precisava
desesperadamente de uma notícia dele, tinha que o encontrar.
Finalmente
comecei a ver outras coisas se não casas, havia um jardim enorme mesmo á minha
frente. Haviam crianças a gritar por todo o lado, imensas famílias sentadas na
relva verdejante. Fui em direcção a um caminho de terra que percorria todo o
jardim de uma ponta a outra e procurei-o.
Um
pouco mais á frente encontrei um grupo de raparigas amontoadas. A primeira
coisa em que pensei foi que era o Zayn. Muitas raparigas juntas é sinónimo de
um possível membro dos one direction por perto. A primeira reação foi correr e
foi isso que fiz. Assim que vi o grupo de raparigas a afastar-se, o meu coração
partiu-se em mil bocados.
As
lágrimas encheram toda a minha face. Não conseguia acreditar no que estava a
ver. Esfreguei os olhos numa tentativa de inebriar a visão mas nada mudou. Se
eu achava que estava no pesadelo, agora achava que estava no inferno. Não podia
estar a ver o rapaz por quem estava apaixonada a beijar outra rapariga. Ele
estava a sorrir…a sorrir. E não era para mim. Estava bastante feliz, deu-lhe a
mão e seguiram caminho.
Fiquei
estática, congelada. Os meus pés não se mexiam da terra batida do caminho aonde
me encontrava. Aquela dor era muito pior do que imaginava. Ele tinha-me
enganado. Ele não gostava de mim. Ele não me queria. Eu não fazia parte da vida
dele nunca mais, se é que alguma vez fiz. Estava explicado o porquê de ele não
me atender as chamadas. Afinal, não passei de mais uma! Como é que pude confiar
nele? Como? Como é que me deixar levar pelas conversas dele? Porque é que
alguma vez pensei que pudesse ter alguma coisa com ele? Afinal, era o Zayn
Malik!
O
meu telemóvel começou a tremer no bolso esquerdo das minhas calças. Nem fui ver
quem era. Virei-me ao contrário e dei um passo em frente, depois outro.
Lentamente fui me afastando daquele lugar. O meu coração derramava sangue, a
dor era demasiado grande para ser descrita. Era demasiado forte para ser
suportada. Era demasiado real para ver verdade.
Tentei
arranjar mil e uma desculpas para o que ele me tinha feito mas nenhuma me
pareceu apaziguadora o suficiente para me fazer parar de chorar. Sem dar por
mim e por onde andava, encontrei-me perdida em Londres. Eu não conseguia mais segurar as lágrimas e deixei o meu corpo rodar na
direcção de uma parede. Pousei as mãos na parede, apoiei a minha cabeça na
parede e entreguei-me ao sofrimento. O silêncio foi envolvido pelo meu soluçar
quase inaudível. Fechei os olhos.
***
Zayn – Filipa!
O meu coração
parou naquele momento, se eu não soubesse o momento que estava a viver iria
jurar que era a voz de Zayn. Abri os olhos e vi que estava no quarto. Virei-me
na direcção da porta do quarto e vi o Zayn na minha frente. Os seus cabelos
pretos, os olhos brilhantes e bem despertos e o seu típico sorriso, tão
perfeito e para o qual não havia palavra que o melhor o descrevesse do que
delicioso.
Abri os olhos
intermitentemente e nada, aquela figura esbelta na minha frente, a figura de
Zayn não desaparecia. O ar começou a faltar-me e eu tive de respirar pela boca
pesadas lufadas de ar para conseguir acalmar. Uma raiva astronómica invadiu
todo o meu corpo, levantei-me e inconscientemente a minha mão viajou
directamente para a cara dele, com todas as forças que tinha.
Ele não
contava com a minha reação e caiu redondamente no chão dado estar completamente
desprevenido. Inclinei-me e vi que a cama aonde supostamente devia ter dormido
estava aberta. Tudo aquilo soou-me demasiadamente estranho. Como é que tinha
chegado ao meu quarto? Como é que tinha vestido o pijama! Como é que o Zayn
estava á minha frente!
Zayn – Porque
é que me bateste? O que é que eu fiz?
A cara dele era de confusão e a minha também. Haviam
demasiadas perguntas a pairar na minha mente.
Filipa – Que dia é hoje? – ao mesmo tempo que me levantava
Zayn – Tu bates-me, e depois queres saber que dia é hoje? –
disse ainda com uma mão na face em que lhe tinha batido – sei lá que dia é
hoje!
Filipa – Foi esta noite que ficamos presos lá fora e depois
tentamos entrar pela janela mas apareceram os policias, foi não foi?
Zayn – Sim foi! Tu não estás bem!
Aquilo não passara de um Aquilo não
passara de um maldito pesadelo. As minhas pernas perderam a força e eu tive de
me apoiar com uma mão na parede para não cair. Por entre lágrimas sorri e
recompus-me lentamente, pronta para me jogar nos braços dele. Zayn continuava a
olhar para mim, confuso. Fui até ele e sentei-me ao lado dele.
Filipa – Desculpa Zayn! Desculpa…
– disse antes do meu choro se intensificar e eu o abafar, enterrando a minha
cabeça no pescoço dele.
Zayn – O que se passa
contigo? Estás a tremer? – ele abraçou-me ainda mais mesmo ainda não percebendo
nada do que se estava a passar
Filipa
– Tive um pesadelo… - disse depois de o largar e de o encarar. Ele limpou-me as
lágrimas delicadamente com os dedos dele a passarem pela minha face.
Zayn
– Pronto…já passou! Estou aqui…
Filipa
– Sonhei que estavas com outra rapariga…que já não gostavas mais de mim! Que tudo o que tinhas dito ontem sobre
esperares por mim não passasse de uma mentira… – acabei por dizer. Ele voltou a
unir os nossos corpos com um abraço.
Zayn
– O meu coração pertence-te exclusivamente… - sussurrou-me ao ouvido – tudo isso
não passou de um pesadelo…nunca te vou deixar
Filipa
– Desculpa pelo estalo…estava tão fora de mim que nem pensei direito. Foi um
impulso… - disse-o olhando-o nos olhos
Zayn
– Não precisas de pedir desculpa…acho que doeu mais a queda do que o estalo… -
sorriu como só ele sabe fazer
Filipa
– Promete-me que nunca me trairás…promete-me que não me farás passar por aquilo
que passei!
Zayn
– Prometo que no que depender de mim nunca te farei sofrer, nunca!
Dei-lhe
um beijo na face que lhe tinha batido e levantei-me ajudando-o a fazer o mesmo.
Olhei para a cara dele e reparei que ele tinha ficado com a marca da minha mão.
Filipa
– Acho que vais ficar com uma marca minha durante alguns minutos…
Zayn
– É sinal que gosto mesmo de ti…
Saímos
do quarto e fomos para a cozinha. Já lá estavam todos quando chegamos e parecia
que já sabiam da nossa pequena aventura da noite anterior.
Espero que tenham gostado!
Mais uma vez obrigada pelos comentários, são eles que me fazem continuar a escrever!
Liis