quarta-feira, 28 de março de 2012

Capitulo 36




(Filipa)

Acordei com uma sensação esquisita, com um aperto enorme no coração. Estava angustiada, parecia que alguma coisa não ia correr bem. O meu coração batia descompassadamente, nunca tinha batido daquela maneira, parecia que ia sufocar a qualquer momento. Tentei controlar a minha respiração que também estava bastante descontrolada e acalmar os batimentos cardíacos.

Assim que me acalmei, virei-me para o outro lado da cama e espreitei para baixo para ver se encontrava o Zayn mas não estava lá ninguém. A cama aonde ele tinha dormido já estava encaixada na minha. Achei aquilo muito estranho, fiquei a pensar se ele me tinha dito alguma coisa na noite anterior mas nada aparecia na minha memória. Novamente apareceram os batimentos mais acelerados do coração. Alguma coisa não estava bem.

Levantei-me lentamente da cama pois ainda estava um pouco fraca. Parecia que o chão ia fugir dos meus pés. Esperei alguns segundos sentada em cima da cama e só depois é que me levantei. Abri a porta do meu quarto e não havia sinais de vida. Desci até ao piso de baixo para ver o que se passava, tanto silencio matinal era de estranhar. Percorri a sala e de seguida dirigi-me á cozinha mas não havia sinais de ninguém. Fui até ao jardim, um silencio monumental estava instalado naquela casa. Não havia o habitual cantar dos pássaros naquele jardim, nem o barulho tão característico da brisa matinal de Londres. Havia apenas um grande vazio. A minha própria respiração fazia eco tamanho era a ausência de ruído.

Voltei a fazer o caminho inverso e subi de novo ao piso de cima, tinha de encontrar alguém naquela casa. Bati em primeiro lugar à porta do quarto da Matilde mas ninguém respondeu. Bati novamente e voltei a receber nenhuma resposta. Cansei de bater, e decidi abrir a porta. O máximo que podia encontrar era alguma cena mais indecente por parte do Liam e da Matilde. Mas como já estava a ficar meia atordoada com aquilo tudo nem me importei. Abri a porta bastante devagar para não fazer barulho, caso eles estivessem barulho. A porta abriu-se e apenas encontrei o vazio instalado no quarto.

Já estava a ser demais. Mas onde é que estava toda a gente! Fechei a porta atrás de mim e percorri os restantes quartos. A resposta era a mesma. Estava tudo vazio. Um medo irracional instalou-se no meu corpo. Comecei a transpirar como nunca, a minha visão estava cada vez mais enevoada. A sensação de que algo não estava bem aumentava a cada segundo. O sorriso do Zayn apareceu na minha mente, tão perfeito como sempre. Seguido de uma angústia aterradora. Não lhe podia ter acontecido nada. Não antes de lhe dizer tudo o que queria, não antes de o beijar.  

Lembrei-me vagarosamente do dia da morte da minha avó. Não me lembrava ao certo do que tinha acontecido mas lembrava-me na perfeição do que tinha sentido. Daquele desespero por notícias, daquela ansia que matava por dentro. Uma lágrima correu pelo meu rosto lentamente. Não queria acreditar que estava a ter a mesma sensação que no dia da morte da minha avó.  

Desci aquelas escadas novamente mas desta vez mais num passo mais apressado. Quase que me ia espetando contra um dos sofás tamanha era a rapidez. Peguei no meu telemóvel e telefonei ao Zayn. Esperei e esperei mas ele não atendia. Voltei a ligar mas não havia maneira de ele atender. Telefonei à Carla, que era a primeira das raparigas que me apareceu nos contactos. Como das outras vezes, ela também não atendeu.

Aquela situação já estava a ficar desesperante. Olhei para o relógio e este marcava meio-dia e quarenta minutos. Já era tão tarde e nem me tinha apercebido. Foi então que avistei um papel branco em cima do aparador que estava posicionado debaixo do relógio. Corri até ele e li-o

Amor, fomos todos para casa dos rapazes. Não quisemos acordar-te porque estavas lindamente a dormir…esperamos-te para almoçar!
Beijinhos
Jo, Carla, Matie, Vera

Um enorme peso saiu de cima de mim, parecia uma pena ao sabor do vento. Afinal estava a fazer uns filmes de todo o tamanho por nada. Fui até á cozinha comer qualquer coisa e depois voltei para o quarto para me vestir. O tempo demorado entre a cozinha e o quarto foi bastante. Quando voltei para a sala, já vestida, o relógio já marcava as treze horas e trinta minutos.

Pus-me a caminho rapidamente da casa dos rapazes. Já estava a ver a cara do Niall a reclamar que queria comer. Não consegui controlar o riso dessa mesma imagem. Apressei o passo para chegar o mais depressa possível. Assim que cheguei, toquei à campainha. Passados alguns segundos aparece-me á frente o Niall.

Niall – Estava a ver que não rapariga! Estava a ver que tinha que te ir buscar para poder comer… - reclamava

Filipa – Em vez de estar a reclamar comigo, podias deixar-me entrar… - ele estava a tapar o caminho da porta e assim não podia entrar

Niall – Nem reparei…é da fome! Entra! – assim que entrei reparei que estavam todos sentados á minha espera. O meu olhar percorreu-os a todos e quando cheguei ao fim, congelei por completo. O Zayn não se encontrava naquela sala. O medo irracional voltou a atacar o meu coração.

Filipa – O Zayn? – perguntei amedrontada com a resposta que pudesse surgir.

Liam – Ele disse que não podia vir almoçar…tinhas uns assuntos a tratar! – respondeu-me calmamente. Aquela angustia não passava, o chão parecia que me ia fugir a qualquer momento.

Filipa – Eu preciso de falar com ele… - as lágrimas começaram a cair metodicamente pela minha face – preciso de o ver… - revelei entre soluços provocados pelas lágrimas. Deixei-me cair no chão, as forças era praticamente nulas. Picadas fortes abalavam o meu coração e um sofrimento atroz tinha-se formado. Os azulejos frios da sala queimavam a minha pele mesmo com a roupa vestida. O meu corpo ia gelando devido á diferença entre a temperatura ambiente e o chão. As raparigas vieram ao meu encalço quando me viram cair no chão. Demasiadas perguntas fizeram-se ouvir naquela sala, mas eu não conseguia ouvir nenhuma. Só de pensar que alguma coisa pudesse acontecer ao Zayn matava-me por completo.

Havia ainda tanta coisa por dizer e por fazer. Não podia acabar desta maneira, não assim! Não sem lhe dizer o quanto ele era importante para mim. Fechei os olhos e desejei com todas as minhas forças estar a viver um pesadelo. Pedi a Deus que me fizesse acordar e que tudo não passasse de sonho mau. A Carla estava a minha frente, apesar de estar com a vista turva por causa da grossa camada de água que se tinha formado na vista, conseguia distingui-la.

Filipa – Estou a sentir o mesmo quando a minha avó morreu…

Senti o meu corpo a ser coberto de abraços e ouvi palavras reconfortantes ao meu ouvido. Mas nenhuma daquelas acções faziam algum sentido se não tivesse alguma notícia do Zayn. Havia uma grande correria á minha volta, não sabia o que estavam a fazer. Tentei levantar-me mas não consegui, elas não me estavam a deixar.

Louis – Ele não atende nenhum de nós… - ouvi-o dizer. Tudo estava a acontecer, tudo o que não queria, o meu pior pesadelo tinha-se tornado realidade.

Liam – Não vamos entrar em já em stress…ainda não sabemos o que aconteceu! Pode estar tudo bem… Não vale a pensa sofrer por antecipação!

Filipa – Deixem-me levantar… - pedi – tenho que ir á procura dele…

Matie – Mas tu estás louca? Nem penses…vamos é ficar aqui á espera que ele chegue isso sim!

Filipa – Não!

Vera – Tu neste momento não mandas nada. Tens que te acalmar primeiro…

Elas não compreendiam. Não podia passar por um novo processo de perda novamente. Não iria aguentar todo esse sofrimento uma segunda vez num espaço de apenas um ano. Não iria suportar.

Filipa – Quero-me levantar agora! – disse desta vez mais alto e com mais convicção. Vi-as afastarem-se de mim um pouco. Levantei-me devagar, sentia o corpo a cambalear mas consegui pôr-me de pé. Dirigi-me até á porta mas fui travada pela Joana – Eu tenho que o ir procurar…não aguento ficar aqui sem saber o que aconteceu. Não me podem pedir para ficar pois não consigo!

Ela não me travou, nem mais ninguém naquela sala. Abri a porta de saída e dirigi-me para o vazio. Não sabia por onde começar. Depois de alguns minutos indecisa, decidi começar por cima. Ia num passo apressado, observando todos os pormenores, todas as pessoas. Ao mesmo tempo que telefonava insistentemente para ele. Não havia maneira de ouvir a voz dele do outro lado do telemóvel. Não havia maneira de sair daquele pesadelo.

As ruas, com passar do tempo, pareciam-me todas iguais. Não fazia ideia de onde me encontrava. Olhava desesperadamente para todos os lados e até me passou pela cabeça começar a gritar no meio da rua se alguém tinha visto o Zayn. Acabei por não ir por essa via, pois estaria a criar um grande problema se toda a gente soubesse que não se sabia dele.

O barulho do meu estomago fez-se ouvir bastante bem. Só tinha comido uma peça de fruta antes de sair de casa e como já era hora de almoço, o meu corpo começava a manifestar-se. Não liguei e continuei a minha busca. O meu coração precisava desesperadamente de uma notícia dele, tinha que o encontrar.

Finalmente comecei a ver outras coisas se não casas, havia um jardim enorme mesmo á minha frente. Haviam crianças a gritar por todo o lado, imensas famílias sentadas na relva verdejante. Fui em direcção a um caminho de terra que percorria todo o jardim de uma ponta a outra e procurei-o.

Um pouco mais á frente encontrei um grupo de raparigas amontoadas. A primeira coisa em que pensei foi que era o Zayn. Muitas raparigas juntas é sinónimo de um possível membro dos one direction por perto. A primeira reação foi correr e foi isso que fiz. Assim que vi o grupo de raparigas a afastar-se, o meu coração partiu-se em mil bocados.

As lágrimas encheram toda a minha face. Não conseguia acreditar no que estava a ver. Esfreguei os olhos numa tentativa de inebriar a visão mas nada mudou. Se eu achava que estava no pesadelo, agora achava que estava no inferno. Não podia estar a ver o rapaz por quem estava apaixonada a beijar outra rapariga. Ele estava a sorrir…a sorrir. E não era para mim. Estava bastante feliz, deu-lhe a mão e seguiram caminho.

Fiquei estática, congelada. Os meus pés não se mexiam da terra batida do caminho aonde me encontrava. Aquela dor era muito pior do que imaginava. Ele tinha-me enganado. Ele não gostava de mim. Ele não me queria. Eu não fazia parte da vida dele nunca mais, se é que alguma vez fiz. Estava explicado o porquê de ele não me atender as chamadas. Afinal, não passei de mais uma! Como é que pude confiar nele? Como? Como é que me deixar levar pelas conversas dele? Porque é que alguma vez pensei que pudesse ter alguma coisa com ele? Afinal, era o Zayn Malik!

O meu telemóvel começou a tremer no bolso esquerdo das minhas calças. Nem fui ver quem era. Virei-me ao contrário e dei um passo em frente, depois outro. Lentamente fui me afastando daquele lugar. O meu coração derramava sangue, a dor era demasiado grande para ser descrita. Era demasiado forte para ser suportada. Era demasiado real para ver verdade.

Tentei arranjar mil e uma desculpas para o que ele me tinha feito mas nenhuma me pareceu apaziguadora o suficiente para me fazer parar de chorar. Sem dar por mim e por onde andava, encontrei-me perdida em Londres. Eu não conseguia mais segurar as lágrimas e deixei o meu corpo rodar na direcção de uma parede. Pousei as mãos na parede, apoiei a minha cabeça na parede e entreguei-me ao sofrimento. O silêncio foi envolvido pelo meu soluçar quase inaudível. Fechei os olhos.

***

Zayn – Filipa!

O meu coração parou naquele momento, se eu não soubesse o momento que estava a viver iria jurar que era a voz de Zayn. Abri os olhos e vi que estava no quarto. Virei-me na direcção da porta do quarto e vi o Zayn na minha frente. Os seus cabelos pretos, os olhos brilhantes e bem despertos e o seu típico sorriso, tão perfeito e para o qual não havia palavra que o melhor o descrevesse do que delicioso.

Abri os olhos intermitentemente e nada, aquela figura esbelta na minha frente, a figura de Zayn não desaparecia. O ar começou a faltar-me e eu tive de respirar pela boca pesadas lufadas de ar para conseguir acalmar. Uma raiva astronómica invadiu todo o meu corpo, levantei-me e inconscientemente a minha mão viajou directamente para a cara dele, com todas as forças que tinha.

Ele não contava com a minha reação e caiu redondamente no chão dado estar completamente desprevenido. Inclinei-me e vi que a cama aonde supostamente devia ter dormido estava aberta. Tudo aquilo soou-me demasiadamente estranho. Como é que tinha chegado ao meu quarto? Como é que tinha vestido o pijama! Como é que o Zayn estava á minha frente!

Zayn – Porque é que me bateste? O que é que eu fiz?

A cara dele era de confusão e a minha também. Haviam demasiadas perguntas a pairar na minha mente.

Filipa – Que dia é hoje? – ao mesmo tempo que me levantava

Zayn – Tu bates-me, e depois queres saber que dia é hoje? – disse ainda com uma mão na face em que lhe tinha batido – sei lá que dia é hoje!

Filipa – Foi esta noite que ficamos presos lá fora e depois tentamos entrar pela janela mas apareceram os policias, foi não foi?

Zayn – Sim foi! Tu não estás bem!

Aquilo não passara de um Aquilo não passara de um maldito pesadelo. As minhas pernas perderam a força e eu tive de me apoiar com uma mão na parede para não cair. Por entre lágrimas sorri e recompus-me lentamente, pronta para me jogar nos braços dele. Zayn continuava a olhar para mim, confuso. Fui até ele e sentei-me ao lado dele.

Filipa – Desculpa Zayn! Desculpa… – disse antes do meu choro se intensificar e eu o abafar, enterrando a minha cabeça no pescoço dele.

Zayn – O que se passa contigo? Estás a tremer? – ele abraçou-me ainda mais mesmo ainda não percebendo nada do que se estava a passar
  
Filipa – Tive um pesadelo… - disse depois de o largar e de o encarar. Ele limpou-me as lágrimas delicadamente com os dedos dele a passarem pela minha face.

Zayn – Pronto…já passou! Estou aqui…

Filipa – Sonhei que estavas com outra rapariga…que já não gostavas mais de mim!  Que tudo o que tinhas dito ontem sobre esperares por mim não passasse de uma mentira… – acabei por dizer. Ele voltou a unir os nossos corpos com um abraço.

Zayn – O meu coração pertence-te exclusivamente… - sussurrou-me ao ouvido – tudo isso não passou de um pesadelo…nunca te vou deixar

Filipa – Desculpa pelo estalo…estava tão fora de mim que nem pensei direito. Foi um impulso… - disse-o olhando-o nos olhos

Zayn – Não precisas de pedir desculpa…acho que doeu mais a queda do que o estalo… - sorriu como só ele sabe fazer

Filipa – Promete-me que nunca me trairás…promete-me que não me farás passar por aquilo que passei!

Zayn – Prometo que no que depender de mim nunca te farei sofrer, nunca!

Dei-lhe um beijo na face que lhe tinha batido e levantei-me ajudando-o a fazer o mesmo. Olhei para a cara dele e reparei que ele tinha ficado com a marca da minha mão.

Filipa – Acho que vais ficar com uma marca minha durante alguns minutos…

Zayn – É sinal que gosto mesmo de ti…

Saímos do quarto e fomos para a cozinha. Já lá estavam todos quando chegamos e parecia que já sabiam da nossa pequena aventura da noite anterior.


Espero que tenham gostado!
Mais uma vez obrigada pelos comentários, são eles que me fazem continuar a escrever!

Liis

2 comentários:

Anónimo disse...

escreves mesmo muito bem *-*

Anónimo disse...

OMG tens mesmo jeito! amei... está lindo!
x Vera