sábado, 25 de fevereiro de 2012

Capitulo 27


(Carla)

Ver a Vera a ir de maca para o hospital sem poder fazer nada mexeu demasiado comigo. Tínhamos vindo para Londres para nos divertirmos e aliviarmos a cabeça por causa do fim do secundário mas termos que ir a hospitais não estava nada nos meus planos.

Louis – Foi impressão minha ou há algum motivo para não quereres ir ao hospital? – tínhamos entrado dentro de casa e estava a dirigir-me para o sofá. Fiquei sem saber o que responder – se não quiseres responder tudo bem…eu compreendo!

Carla – É algo complicado, mas também não é nenhum segredo. Posso contar…bem desde há onze anos que não entro em dois locais, em hospitais e em cemitérios….

Louis – Cemitérios e hospitais?!

Carla – Sim! Cemitérios, nunca lá entrei e a única vez que lá vou entrar vai ser já no caixão. Tenho um medo aterrador de lá entrar…mesmo quando os meus avós morreram, não consegui entrar. É como se houvesse uma barreira há porta e não me deixasse entrar, os meus pés não avançam!

Louis – E sabes porquê?

Carla – Se queres que te diga, nem sei. Simplesmente não consigo entrar, respeito muito o local. Quanto aos hospitais, desde que num espaço de uma semana perdi três avós meus nos hospitais nunca mais lá consegui entrar.

Louis – A sério? Como é que aconteceu?

Carla – Com o tempo percebi que o que levou á morte deles foram as doenças que tinham mas na altura, pensava que os hospitais faziam milagres e que conseguiam salvar toda a gente que lá entrava. Quando eles morreram fiquei bastante revoltada e com medo de hospitais. Passei a pensar que quando se ia para o hospital era para morrer…Por muito estupido que pareça, ainda o sinto. Como é obvio, não penso que só por irmos ao hospital com uma constipação vamos morrer, mas é aquele medo que não desaparece…prefiro não arriscar!

Louis – E então como é que fazias quando estavas doente?

Carla – Tinha um médico que vinha a minha casa.

Louis – Esse é que era o meu sonho…não ter o médico a vir a minha casa mas sim uma daquelas enfermeiras novas, isso é que era!

Carla – Que mente mais perversa! Vocês homens não pensam em mais nada do que em miúdas giras? Por favor…

Louis – Não se pensa só nisso embora seja uma boa parte do tempo…

Carla – Ok! Não quero saber pormenores do interior de uma cabeça masculina…é demais para a minha pequena inteligência!

Louis – Oh! Logo agora que ia desvendar os segredos que compõem uma mente brilhante…

Carla – Ahah! Mente brilhante?! Não sei onde…

Louis – Está mesmo aqui á tua frente!

Carla – Acho que não! Mas acho melhor irmos comer…fazes o comer para ti que eu faço para mim está bem? – ele olhou para mim com ar espantado. No momento em que ia responder interrompi-o – estou a brincar! Mas podes ter a certeza que és um sortudo…

Louis – Porque vou comer algo feito por ti? É seguro ou vou parar ao hospital também?

Carla – Em primeiro lugar, ser eu a fazer o jantar é algo anormal, não por correres risco de ires parar ao hospital mas sim porque não gosto de cozinhar. Mesmo assim desenrasco-me na cozinha e faço algumas coisas engraçadas…

Louis – E que coisas engraçadas vais fazer para mim?

Carla – Essa pergunta soa mesmo mal! Já viste bem o que disseste, “que coisas engraçadas vais fazer para mim”? Faz pensar outras coisas…

Louis – Eu estou a falar de comida…tu é que tens uma mente perversa!

Carla – Pois tenho! E se fazes frases desse tipo ainda mais me ajudas a ser…

Louis – Agora sou eu o culpado de seres perversa?

Carla – Não mas também não ajudes há festa! – abri o frigorifico e espreitei lá para dentro – eu até dizia o que comer mas alguém se esqueceu de ir ao supermercado! – fui até á nossa lista de compras diárias e quem estava responsável por faze-las era a Vera – Pois!

Louis – Pois o quê?

Carla – Era a vez da Vera de ir às compras e o frigorífico está vazio.

Louis – Pizzas? Ou tens medo que te afete a linha? – disse para me provocar, olhei muito seriamente para ele

Carla – Só podes estar a gozar? Essas coisas não me afetam…

Louis – Nota-se….

Carla – Tu estás a chamar-me gorda é?

Louis – Não!! Tu estás ótima da maneira que estás… - por momentos acho que corei, escondi a cara e rapidamente voltei ao meu estado normal.

Carla – Obrigada…acho! Pedes tu as pizzas? É que queria manter o meu telemóvel desimpedido para o caso de elas telefonarem…

Louis – Sim, pode ser!

***

Depois das meninas terem-me telefonado dei as novidades ao Louis.

Louis – Como é que ela está?

Carla – Está bem! O desmaio foi provocado por causa da febre alta que tinha…

Louis – Então porquê essa cara? – disse enquanto comia mais uma fatia de pizza

Carla – O pai da Vera já sabe do relacionamento com o Harry. E conhecendo-o como conheço o Harry vai ter um longo caminho para conseguir estar com a Vera.

Louis – Achas que não há hipóteses?

Carla – Há bastantes hipóteses de ficarem juntos. Com a Vera no hospital viu-se o lado humano do pai dela, acho que isso pode abonar a favor deles se ela souber falar.

Louis – Então temos que manter a esperança….

Carla – Sim! – acabei por dar a última trinca há minha fatia de pizza – estou cheia Louis! Que fazemos?

Louis – Queres ver um filme?

Carla – Por mim pode ser! Vou ver o que há… - fui até ao local aonde estavam os DVD’s e reparei que o Louis estava a olhar para as minhas pernas. Digamos que tenho um pequeno trauma com as minhas pernas, não gosto delas e não gosto que olhem para elas – Louis não olhes para as minhas pernas, são feias!

Louis – As tuas pernas? Só podes estar a gozar… - tinha uma almofada ao pé de mim e atirei-a – Au! Estou a dizer a verdade…

Carla – Não digas mentiras! As minhas pernas são feias e tortas…

Louis – Não são nada…

Carla – Opah, não quero falar disto!

Louis – Mas porquê? Não percebo essa ideia que tens…

Carla – Também não é para perceberes! Agora pára de olhar para as pernas…

Louis – Só paro de olhar até me explicares o porquê desse trauma!

Carla – Não…

Louis – Sim…

Carla – Que chato! Não estás a ver o joelho torto? – para mim era demasiado evidente as pernas tortas, não gostava de usar saias nem calções por isso mesmo – é por causa de ter jogado futebol, estraga as pernas! Agora estão horríveis….

Louis – Não vejo nada! Junta as pernas…

Carla – Fogo, não vês?

Louis – Ah! Isso? Praticamente não se nota! Já tinha olhado várias vezes e nunca tinha reparado…

Carla – Mas tu andas a olhar para as minhas pernas? Mau mau Maria! Não quero que o faças…

Louis – Por achares que são tortas?

Carla – E são!

Louis – Não se nota! São lindas… - estava a ficar cada vez mais envergonhada com aquela conversa toda

Carla – Pára! Já chega desta conversa…não gosto delas e pronto!

Louis – Mas eu gosto!

Carla – Importaste de parar com isso e vamos ver o filme? Daqui a pouco vou para a cama e obrigo-te a dormir na sala…

Louis – Pronto…vamos ver o filme…


***

(Vera)

Aos poucos e poucos fui voltando há realidade mas via tudo enevoado. Ao fundo conseguia distinguir uma coisa branca que se aproximava de mim – OMG, estou no céu! – foi a minha primeira reação. Há medida que aquele vulto branco se aproximava mais nítida ficava a imagem. Afinal não estava no céu, estava num quarto branco e com uma maquina que fazia um barulho infernal.

Vera – Onde é que estou? – perguntei

Médico – Está num quarto de hospital…

Vera – Hospital? – as memórias foram-se encaixando lentamente na minha mente até me lembrar nitidamente do último momento – O meu pai…OMG! E o Harry… - queria levantar-me da cama mas havia uns tubos que me impediam de o fazer – mas que raio é isto?

Médico – Menina acalme-se senão temos que lhe dar um sedativo. Vá… - o médico fez sinal para me deitar e eu respeitei a ordem voltando-me a deitar – quer fazer-me alguma pergunta?

Vera – Sim! O que é que tenho?

Médico – Teve apenas febre bastante elevada e para a avisar o seu corpo desligou, desmaiando. Não é nada de grave…amanhã já terá alta…

Vera – Ainda bem! Está alguém á minha espera lá fora?

Médico – Sim, pelo que a enfermeira disse tem uma comitiva grande lá fora. Por isso vê se põe boa rapidamente para ir ter com eles…

Vera – É o que farei…

Médico – Bem, vou avisar os seus familiares está bem?

Vera – Ok!

Esperei ansiosamente que alguém aparecesse no meu quarto. Queria muito que fosse o Harry mas tinha quase a certeza que seria o meu pai. Tinha medo do que ele pudesse dizer ou fazer. Finalmente alguém bateu á porta do quarto, mandei entrar, era o meu pai.

Pai – Filha… - ele sentou-se no banco ao lado da minha cama. Há muito tempo que já não via o olhar preocupado do meu pai em relação a mim. Podia estar no hospital e naquela maldita cama mas aquele olhar valia por tudo no mundo – como é que te sentes? Tens fome? Tens vontade de ir á casa-de-banho? Queres que levante um pouco a cama?

Vera – Pai! – acalmei-o pondo a minha mão por cima da dele – estou bem! Não te preocupes…

Pai – Tens a certeza? Eu posso ir buscar tudo o que quiseres…

Vera – Podes? Que tal um pastel de Belém? Era algo que comia agora… - disse na brincadeira embora não me importasse de comer um.

Pai – Filha, lamento mas ainda não tenho esse poder.

Vera – Oh pai. É obvio que sei! Estava a brincar…

Pai – Já sabes porque desmaiaste não sabes? – abanei afirmativamente – e como é que ficaste com febre tão alta? O que andaste a fazer?

Vera – Pai não sei….

Pai – Vera Lima, eu conheço-te – estava espantada com a expressão facial do meu pai. Não era ele, pelo menos o de agora, mas sim o da minha infância – e não engrunhes assim o nariz – sorri, era um tique que tinha e não conseguia deixa-lo

Vera – Andei á chuva…

Pai – Há chuva?

Vera – Sim pai! Não estamos em Portugal…aqui chove embora seja verão! Foi uma maluquice…

Pai – Pois é! Não devias tê-lo feito…chegaste aos 40 graus de febre. Podia ter sido perigoso…

Vera – Eu sei. Não volta a acontecer… - fiz uma pausa – a mãe?

Pai – Já a chamei e deve estar quase a chegar e vem com o Miguel…

Vera – Já estava a calcular…

Pai – Queres-me explicar o que se passou naquele quarto?

Vera – Pai…aquilo que aconteceu deve-se ao facto de estar apaixonada! – a expressão dele começou a mudar – sim pai! Apaixonada, e não pelo Miguel, aliás, nunca tive apaixonada por ele e o pai sabe muito bem disso.

Pai – Vera, nós já falamos sobre isso. O Miguel tem estatuto, pode proporcionar-te uma boa vida e tem todo o meu apoio, para além de ser bom para a nossa família também…

Vera – Claro pai. Os negócios vêm sempre primeiro que eu, que a minha felicidade! Já pensou que eu posso não gostar dele? Já pensou que eu posso ser infeliz para o resto da minha vida? Quer isso?

Pai – Tu sempres foste muito dramática Vera. Estás a exagerar…

Vera – Estou? Já se lembrou em perguntar-me como me sinto em vez de achar que estou a ser dramática?

Pai – Eu faço-te a vontade…como é que te sentes?

Vera – Mal, pai. Mal! Este maldito casamento que me pedes para aceitar está a dar comigo em doida…só me apetece fugir e nunca mais aparecer…

Pai – Filha…

Vera – É verdade pai. Eu sei que foi o avô que te fez juntar com a mãe mas na altura não tinhas ninguém nem a mãe…

Pai – E tu tens?

Vera – Tenho…não sei se vai durar um mês, ou um ano ou até uma vida mas é o suficiente para não querer casar com o Miguel. Não sei se o Harry é a pessoa com vou passar o resto da minha vida mas é com ele que quero estar agora…

Pai – E quem é que é esse Harry?

Vera – Então…tem dezoito anos, é inglês, é um querido, é adorável, tem tantas qualidades que nunca mais saía daqui… e pertence aos One Direction….

Pai – Pertence a quê?

Vera – A uma banda…os rapazes que viste lá em casa pertencem todos á mesma banda!

Pai – Ele é cantor?

Vera – É pai…

Pai – Oh filha! Tu achas que tem futuro ser cantor?

Vera – E o que isso interessa? O pai acha que tenho cara para estar a viver ás custas do meu namorado? Parece que não me conhece…

Pai – Mesmo assim…Vera, eu dei a palavra ao Gouveia em como havia casamento e não posso voltar a trás…

Vera – Pai! Eu disse na altura que casava se até lá não encontrasse alguém, que me apaixonasse. Isso aconteceu e não vou casar com o Miguel!

Pai – Estou a ver que estás convicta!

Vera – Por favor pai. Fale com o Harry se quiser, mas não me obrigue a casar com quem não quero. Eu não quero desrespeita-lo mas se continuar com a ideia do casamento vou fazê-lo.

Pai – Nunca te tinha visto tão decidida…

Vera – Porque é o que quero! O pai sempre me ensinou em lutar pelos nossos objectivos e sonhos, é isso que estou a fazer.

Pai – Fazemos de conta que eu aceito este teu relacionamento. Tu estás preparada para viver com a exposição mediática que essa relação vai trazer?

Vera – Tenho praticamente dezoito anos de terapia anti jornalistas. A minha vida toda foi feita a contornar essa exposição, sei muito bem como lidar com ela.

Pai – Mas não será a mesma coisa…e depois destas férias tu tens que voltar para Portugal…

Vera – Isso é o menor dos meus problemas…posso pedir transferência da faculdade para aqui. Há excelentes faculdades aqui!

Pai – Já vi que andaste a pensar em tudo…

Vera – É a minha vida! Tenho que pensar nela…então desistes da ideia de eu casar?

Pai – Não!

Vera – Pai…

Pai – Primeiro vou falar com esse Harry e só depois é que tomo uma decisão!

Vera – Obrigada pai…ele é fantástico!




Peço desculpa pela demora mas tive uma crise de palavras. As palavras não me saíam para o papel embora soubesse o que queria escrever. Escrevia uma palavra, apagava duas ou três. Estava mesmo complicado isto sair...
Bem, quanto ás mini-histórias vou publicar amanha as personagens e a sinopse. Se tiver bons comentários pode ser que publique também a primeira parte.
Espero que tenham gostado...

Liis

7 comentários:

Anónimo disse...

Quero tanto saber da conversa do Pai da Vera com o Harry... Quando publicas mais? As mini-histórias não vão influenciar a publicação da fic, pois não??

Anónimo disse...

Adorei <3

Anónimo disse...

estou ansiosa para saber como vai correr a conversa com o pai da vera e com o harry

Liis disse...

não, de todo! Não vai influenciar em nada! =)

Anónimo disse...

Ainda bem!! :D
Publicas amanhã mais um capítulo da fic, certo? Xx

SoniaCosta disse...

Ai, eu quero saber como vai correr a conversa do pai dela com o Harry!!
Li a tua fic toda e adorei, está mesmo fantástica!!!

Liis disse...

Estou a fazer por isso! =)xx